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A garota estava deitada em sua cama, fitando o teto. Era uma daquelas clássicas noites quentes e entediantes de verão. Nada parecia fazer sentido. Um novo ano chegando, e ela sabia que isso não ia mudar nada, pois toda sua vida foi sempre igual: Muita dor e sofrimento. Sempre sonhava em mudar: Seu visual, sua vida...Tudo! Mas nunca conseguia dar dois passos, sem tropeçar e cair no meio do caminho. 

Desistir. Ah, que palavra tentadora. Mas uma coisa que ela sempre sabia, desistir era algo que deveríamos esquecer, deixar de lado, esconder no meio dos livros velhos e empoeirados. Um vento frio entrou pela janela naquele instante, era estranho, ela não podia deixar de notar. Naquela noite abafada, qualquer ar faria bem. Andou até a janela e olhou para baixo, estava tudo tão escuro e sombrio. Algo a alertou por dentro, fazendo-a se afastar, mas o vento entrou triunfante, convidando-a se aproximar da janela novamente. Não havia nada lá, percebeu que a vida a deixava perturbada, completamente louca. Uma forte tentação a atingiu, colocou metade do corpo pela janela, para sentir melhor o ar frio da noite bagunçando os cabelos. Ah, como seria bom poder voar, fechar os olhos e se atirar contra a escuridão, para que quando os abrisse, estivesse tocando as nuvens com a ponta dos dedos. Respirou profundamente e voltou para o quarto. Sentou-se na cama, sem tirar os olhos da janela. Aquela sensação de liberdade continuava ali, mas a garota sabia que ela deveria esperar, deveria ter paciência. Pois sabia que o dia em que iria voar, estava próximo, ou talvez não, nem ela mesma poderia dizer, a vida sempre foi confusa, talvez a morte também seja. Morte. Talvez a morte, seja apenas a grande porta da liberdade. 

Foi lentamente até a janela novamente, algo acalmou seu coração, nem ela poderia dizer o que era, apenas fechou os olhos e voou. 

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